O VDRL é um teste laboratorial não treponêmico para determinar qualitativamente e semi quantitativamente anticorpos não treponêmicos, que são chamados de reaginas no soro ou no plasma do paciente que apresenta a sífilis.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível que vem acometendo a espécie humana durante vários séculos. O Treponema pallidum é o agente etiológico da doença no qual o homem é o principal reservatório com transmissão por via sexual e transplacentária.
O T. pallidum são espiroquetas longas e finas, com espirais rígidas e regulares quando observados em campo escuro ou em colocação de prata (Fontana). As espiroquetas não podem ser observadas em microscopia luminosa coradas pelo Gram ou Giemsa. E ainda, não podem ser cultivadas em meios de cultura onde não contém células, por isso o diagnóstico difere de outros agentes bacterianos que causam infecções.
A sorologia é bem mais específica para o diagnóstico da Sífilis. Testes imunológicos por imunofluorecência que podem ser realizados juntamente com a análise microbiológica. Esses testes são os NÃO TREPONÊMICOS (VDRL) ou testes os TREPONÊMICOS (FTA-abs).
O teste de VDRL se baseia na adição do antígeno a cardiolipina, que é um lipídio purificado de coração de boi acrescido de colesterol e lectina em álcool etílico. Estes são aglutinados na presença de soro reagente, ou seja, quando há anti-cardiolipina na amostra (reagina).
O indivíduo infectado pelo T. pallidum produz dois tipos de anticorpos: (1) anticorpos não específicos, denominados de reaginas que reconhecem os lipídios originários do treponema e liberados dos tecidos lesionados do indivíduo infectado, (2) anticorpos específicos (anti-treponema). No entanto o teste para a pesquisa de anticorpos inespecíficos é o VRLD, já que este apresenta alta sensibilidade, porém baixa especificidade, necessitando de testes confirmatórios como o FTA-abs.
O VRDL não é um teste com 100% de especificidade para a sífilis, já que em outras situações patológicas há produção de reaginas levando a um resultado falso-positivo. Entretanto é bastante utilizado nos laboratórios clínicos brasileiros por ser um exame de baixo custo e alta praticidade, e desta forma é dito como um teste de triagem.
O exame pode apresentar resultados falso-negativos, principalmente em sífilis secundária, já que há uma grande quantidade de anticorpos no soro puro, onde resultará no fenômeno chamado de “efeito pró-zona” quando não se realizada as diluições seriadas da amostra durante o teste.
Azevedo et al. 2006, realizou um estudo com 40 amostras soro reagentes para sífilis, onde 20% destas apresentaram efeito pró-zona. Foi detectado após realizar diluições onde houve a presença de floculação a partir da titulação 1:8. Isso significa que na rotina laboratorial deve-se realizar o teste semi quantitativo com sucessivas diluições de no mínimo 3 titulações decrescentes (1:2, 1:4 3 1:8), para que possa diminuir os resultados falso-negativos. Neste caso, o FTA-abs é positivo para o treponema.
As situações onde o VDRL será reagente, porém o FTA-abs é negativo, apresentam-se em pessoas com Lúpus Eritematoso Sistêmico, insuficiência hepática, cirrose hepática, na lepra e malária. Situações especiais podem ocorrer em gestantes após imunizações. Outro fator que pode acontecer é a janela imunológica, já que leva um certo período para que haja a produção de anticorpos específicos detectados no teste de FTA-abs. Neste caso os testes de imunofluorescência direta seria o exame de escolha para a detecção de antígenos do T. pallidum.
Desta forma, vale salientar que o teste de VDRL pode ser utilizado como um teste de triagem para a sífilis, já que ele apresenta uma boa sensibilidade. Porém para a confirmação do diagnóstico, devem ser levados em conta os testes específicos e os achados clínicos do paciente para que posteriormente aconteça uma conduta terapêutica adequada.
Referências/fonte
AZEVEDO, L. K. A.
Caracterização e correlação do fenômeno pró-zona com títulos de soro
reatividade do VDRL e reação de imunofluorescência indireta em soros de
pacientes com sífilis. RBAC, v. 38,
n. 3, p. 183-187, 2006.
LABTEST, Manual de
Procedimentos.
Imagem da capa: elestimulo.com
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