O sistema de grupo sanguíneo
ABO foi descoberto por Karl Landsteiner no início de século XX (1900), hoje considerado um dos mais importantes sistemas de grupo sanguíneo na medicina
laboratorial. Landsteiner misturou soro e hemácias de diferentes pessoas e conseguiu descrever inicialmente 3 fenótipos: A, B e C
(este último foi renomeado como O). Alguns anos depois, o pesquisador Decastello descreveu o fenótipo AB. Von
Durgern e Hirchfeld em 1910 confirmaram que a herança genética do A e do B
acatava as leis de Mendel, sendo a presença de A e B como dominantes.
Genética
São encontrados epítopos
(antígenos) do sistema ABO como resíduos terminais na superfície das células e
secreções, onde são sintetizados pela glicosiltransferases específicas
codificadas no locus ABO, que está localizado no braço longo do cromossomo 9.
Quatro genes foram definidos:
A1, A2, B e O. Estes são responsáveis pela produção das enzimas
glicosiltransferases A e B, que dão origem aos quatro grupos sanguíneos: A, B,
AB e O.
Antígenos
e Anticorpos
Observando o sistema ABO, nas
hemácias haverá dois tipos de proteínas denominadas a aglutinogênios A e aglutinogênios
B, responsável pela determinação do fenótipo. No plasma sanguíneo pode
haver aglutininas anti-A e aglutininas anti-B. Deste modo, o indivíduo do grupo AB possui aglutinogênios A e aglutinogênios B, não possuindo aglutininas
anti-A e aglutininas anti-B. Indivíduo do grupo A, possui aglutinogênios A e aglutininas anti-B. O indivíduo do grupo B, possui aglutinogênios B e aglutininas anti-A. Já
o O indivíduo do grupo O não possuem
aglutinogênios, havendo apenas aglutininas
anti-A e aglutininas anti-B.
Os antígenos A e B apresentam subgrupos que se caracterizam por mutações
genéticas na quantidade forma de expressão nas hemácias. Estes subgrupos podem
apresentar baixa intensidade de reação com os reagente de pesquisa, anti-A,
anti-B e anti-AB, o que pode levar a discrepâncias na análise.
Alguns Subgrupos:
- A1, A2, A3
- B3, Bx, Bm, Bel (raros)
Na medicina transfusional, em
geral, não é importante distinguir os subgrupos de A e de B. A transfusão de
subgrupos geralmente não leva a reação
transfusional.
Anticorpos:
- Anti‑A: ocorre naturalmente no soro
de todos os indivíduos do Grupo B.
- Anti‑B: ocorre naturalmente no soro
de todos os indivíduos do Grupo A.
- Anti‑A e B: ocorre naturalmente no
soro de todos os indivíduos do Grupo O.
- Anti‑A1: pode ocorrer naturalmente
nos indivíduos A2, quase sempre é uma aglutinina fria, tipo IgM. Geralmente não
está associada a reação hemolítica transfusional ou doença hemolítica perinatal
Fenótipo
|
Aglutinogênio/antígeno
|
Aglutininas/anticorpo
|
A
|
A
|
Anti-B
|
B
|
A
|
Anti-A
|
AB
|
AB
|
-
|
O
|
-
|
Anti-A e Anti-B
|
A fenotipagem sanguínea
baseia-se na determinação da presença ou ausência de antígenos eritrocitários
na membrana da hemácia, ou através da pesquisa de anticorpos.
Conhecer a frequência
fenotípica dos diversos grupos sanguíneos é importante para estimar a
disponibilidade de sangue compatível a pacientes que apresentam anticorpos
anti-eritrocitários.
O antígeno RhD pode apresentar
um extenso polimosrfismo, se expressando fracamente (D fraco), ou como um
antígeno modificado (D parcial). Por isso causa dificuldades na classificação
RhD, sendo somente detectados com o uso de reagentes potencializadores
(anti-imunoglobulina humana ou enzimas).
Os anticorpos anti-D não são
naturais. Estes somente são produzidos a partir de uma interação ou um estímulo
imunológico durante a gestação de um feto RhD positivo, ou a parir de
transfusão de um componente RhD positivo. Estes são de natureza IgG ativos a
37ºC. Como IgG é um anticorpo transplacentário, acabam acarretando a doença
hemolítica do recém-nascido, havendo destruição das hemácias no meio
extravascular.
Para a pesquisa do fator RhD,
é essencial os anticorpos monoclonais, que reconhecem especificamente o
antígeno.
O
sistema Rh
Esse é o maior e o mais
complexo sistema de grupos sanguíneos que compreende atualmente a mais de 50
antígenos eritrocitários, e o 2º mais importante depois do sistema ABO.
Levine e Stetson descobriram o sistema por meio de um caso de Doença Hemolítica Perinatal. Uma
mulher com anemia hemolítica, necessitou ser transfundida com o sangue ABO
compatível de seu marido. Na mesma década, Levine e Wiener observou aglutinação
após adicionar soro de coelhos e do macaco Rhesus a hemácias de humanos.
Os antígenos desse sistema são
exclusivamente encontrados na membrana das hemácias, que são produzidos a
partir da codificação por um par de genes homólogos RHD e RHCE, produzindo
assim antígeno RhD. A pesquisa desse
antígeno é obrigatória para rotinas pré-transfusionais e em doadores de sangue.
Referências/fonte
BRASIL. Ministério da Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Hospitalar e de
Urgência. Imuno‑hematologia
laboratorial. Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência.
– Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
BATISSOCO, A. C.; NOVARETTI,
M. C. Z. Aspectos moleculares do Sistema Sanguíneo ABO. Rev. bras. hematologia.e hemoterapia. v. 25, n. 1, p. 47-58, 2003.
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